Ir. Giusy Lupo
“(...) Como nos primeiros tempos da experiência eclesial, há tantos homens e mulheres de todas as idades e condições que dão testemunho deste amor de misericórdia. Sinal eloquente do amor materno de Deus é uma considerável e crescente presença feminina no mundo missionário, ao lado da presença masculina. As mulheres, leigas ou consagradas – e hoje também numerosas famílias –, realizam a sua vocação missionária nas mais variadas formas: desde o anúncio direto do Evangelho ao serviço sócio caritativo. ” (Carta do papa Francisco para o dia mundial das missões 2016)
Depois de ter lido a carta do Papa, me encontro com a irmã Maria Teresa que me conta um pouco das suas experiências missionárias na República Democrática do Congo, no centro da África. A irmã Maria Teresa é brasileira, esteve quase 20 anos no Congo. Ela fala com muita saudade e alegria do tempo vivido naquela linda terra. Três lugares encontraram espaço no seu coração. Mungbere, Ngilima e Isiro. Os três têm em comum àquilo que o Papa fala na carta. Catequistas, homens e mulheres, jovens,... gente de boa vontade, que querem se formar para ajudar o povo a tomar consciência da própria realidade e de sair da própria situação de pobreza. Um povo que através da evangelização aprende a colocar em campo todos os recursos humanos e espirituais para sobressair.
Mungbere foi o lugar onde a irmã tocou com os pés a cultura do povo congolês. Foi um tempo de aprendizagem da língua local, o Lingala, e dos costumes do povo.
A primeira experiência que a irmã contou foi o tempo bonito da missão de Ngilima, fronteira com o Sul do Sudão. Uma verdadeira Comunidade Apostólica com os catequistas, os leigos, e a Família Comboniana. Aí a irmã, além de visitar os presos se preocupava mais da catequese: formação de catecúmenos. Todas as etapas da vida estavam envolvidas nesses encontros. Se acompanhava o povo desde criança até adultos casados.
A segunda experiência que partilhou foi na missão de Isiro. É nessa experiência com mulheres que eu vi fazer-se realidade o pensamento do papa Francisco: as mulheres capazes de ser evangelizadoras e discípulas. Nessa missão a irmã trabalhou em colaboração com os padres Combonianos. Eram quatro irmãs na missão e desenvolviam várias pastorais. A irmã M. Teresa conta com orgulho que acompanhou entre outras pastorais a formação de um grupo peculiar...as mulheres mais vulneráveis: viúvas, prostitutas e mãe solteiras.
O grupo se chamava e se chama ainda “Les femmes seules avec Jesus-Christ”- As mulheres a sós com Jesus (https://www.facebook.com/dianebasila/). O movimento, nascido em Kinshasa pela boa vontade de uma mulher convertida (ex prostituta), se inspirava na figura de Maria Madalena.
Les femmes seules com Jesus-Christ é um grupo de mulheres que querem seguir Jesus, e imitando o caminho de conversão da Madalena, ajudar aos outros, em particular ás crianças malnutridas e ás mães, com o próprio tempo e trabalho. Aí em Isiro eram 45 e criaram um verdadeiro centro desenvolvendo aquela que aqui no Brasil chamamos de pastoral da criança, 3 dias por semana. Estavam divididas em grupinhos e se preocupavam da formação das mães, da cozinha, da plantação de milho, soja, sorgo com os quais preparavam mingau proteico, e das celebrações. A própria formação era cada primeira sexta-feira do mês. Sucessivamente o grupo se estendeu ás outras paróquias e muitas delas iam dar formação para as outras mulheres. A irmã continua a elogiar estas mulheres. Estimulando á autoestima elas, as mulheres do movimento são capazes de cuidar da própria casa, da própria vida e também dedicar tempo e trabalho para o centro. O caminho das mulheres dura 10 anos, depois deste tempo elas tomam verdadeiros compromissos (votos). São mulheres que também dedicam tempo para estar com Jesus, como diz o nome do movimento, em oração. Tem momentos especiais de celebrações como na vigília de quinta-feira santa onde ficam em oração toda a noite. Elas mesmas falam: “Como antes, pelo próprio estilo de vida, fomos capazes de ficar a noite inteira afastadas de Jesus, ora, com a conversão do coração mudamos os “costumes” e dedicamos o mesmo tempo mais perto dele na oração”. Importante foi a criação entre elas de um grupo de 7 diaconisas com a tarefa de cuidar da casa do Senhor, limpeza e preparação das celebrações. Continua contando a irmã do bem que fez para ela a experiência com estas mulheres que continuam indo em frente. Aprendeu a viver com mais compromisso os seus votos e a amar a Cristo de um amor único.
Foi lindo ver a imagem da paróquia de Isiro, lugar onde trabalham essas mulheres. A paróquia dedicada a Santa Ana.
Obrigada M. Teresa por me abrir seu coração.
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