Ir. Antonietta Molinari
O tempo atual é caracterizado por mudanças rápidas, profundas, que se estendem a todos os campos do saber e da atividade humana. Abalam não só estruturas que até pouco tempo eram consideradas sólidas, mas, também, alteram os critérios de compreensão e os valores igualmente, até pouco tempo considerados intocáveis. Estamos vivendo um momento particular e controverso da história da humanidade. Verifica-se que a sociedade técnica e industrial, que não contempla o lado espiritual da realidade, fascina o homem moderno, mas não o satisfaz. Consequentemente, há um despertar espiritual, que brota de profundas exigências de interioridade, de verdadeira liberdade, de sede de Deus, impensável uns anos atrás, quando era cogitada a morte de Deus.
Se por um lado, o consumismo, o individualismo, o avançar de determinadas culturas em detrimento de outras são impostos com força pela mídia globalizada, do outro, percebe-se a emergência dos valores da igualdade, do pluralismo, da convivência pacífica na diversidade.
Neste contexto, a Vida Religiosa Consagrada, neste contexto, sente-se fortemente atingida. Fragmentada, sem os sólidos pontos de referência que sempre teve, às vezes sente-se perdida. Pergunta-se: como continuar a ser presença profética no mundo atual? Como integrar o diferente sem perder a própria identidade carismática? Como manter a unidade fecunda sem sacrificar a diversidade? Como realizar, através da comunidade religiosa, o projeto comum, que a missão exige, quando a mesma realidade é captada, compreendida, enfrentada e avaliada de maneira diferente, levando os membros a terem uma linguagem comum, mas, comportamentos diametralmente opostos?
Perante estas perguntas muitas Congregações afirmam que se faz necessária uma nova reestruturação da Vida Religiosa, feita com e pelo Espírito.
Não se trata mais do mesmo aggiornamento que muitas Congregações realizaram depois do Concílio Vaticano II (1962-1965) que levou a Vida Religiosa Consagrada a mudar visivelmente suas estruturas. Foram deixadas obras, novos destinatários prioritários foram eleitos. Registrou-se um êxodo do centro para a periferia, da classe média e alta aos mais pobres.
Agora, a mudança deve atingir níveis mais profundos, sem cair na tentação de voltar atrás. Segundo a lógica do Espírito, afirma Galilea (1984), a transformação das instituições, deve seguir a renovação das motivações que inspiram as novas opções, isto é da espiritualidade..
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