No dia 4 de
março de 2017, às 19.30, na paróquia Sagrada Família de Cacoal, Rondônia,
celebramos o encerramento do inquérito diocesano para o reconhecimento do
martírio do padre Ezequiel Ramin, missionário comboniano, assassinado na
fazenda Catuva no dia 24 de julho de 1985.
Com maciça
presença do povo de Cacoal, e uma significativa representação da Rondolândia,
além de outros municípios da diocese de Ji Paraná e de Porto Velho, foi
solenemente concluída a etapa brasileira do processo que entende demonstrar
como o jovem padre foi morto “in odium fidei”, por ódio à fé, assumindo até as
últimas consequências o seguimento de Cristo.
Junto com o pão
e o vinho, levamos ao altar,no momento do ofertório, as doze caixas que contêm
os documentos do Processo que, como destacou o postulador geral dos missionários
Combonianos, padre Arnaldo Baritussio, não são “simples papeis, mas a vida
verdadeira de um pastor com a sua comunidade, história de grandes sofrimentos e
também de grandes ideais: uma terra para todos e uma comunidade solidária.”
Padre Ezequiel
continua vivo na memória do povo, mesmo tendo trabalhado em Cacoal apenas um
ano e um mês, de junho de 1984 a julho de 1985. A fama de martírio, que fez
recolher em ocasião dos 30 anos da morte do padre mais de 10.000 assinaturas em
favor da abertura do processo, é um sinal de que padre Ezequiel foi e continua
sendo uma luminosa testemunha de Cristo.
Fazendo uma
releitura da vida e da morte de padre Ezequiel, padre Arnaldo sublinhou que “Sua imolação foi uma
decorrência natural de sua Vida Religiosa Consagrada missionária e de sua
leitura profunda do Evangelho, do amor a Cristo, à Igreja e aos irmãos mais
injustiçados.”
A figura de
padre Ezequiel está presente entre os mártires da caminhada do santuário de
Ribeirão Cascalheira (MT), onde se pode ler “não merece de sobreviver uma Igreja
que não tenha memória viva dos seus mártires”. A memória de padre Ezequiel,
portanto, assim como de todos aqueles que tombaram para seguir a Cristo e
colaborar na construção do seu Reino, é dom e compromisso, não simples saudade.
Sua vida e a morte nos questiona continuamente e deve provocar-nos sobre o
nosso real comprometimento com Cristo e o Evangelho.
Continuamos a
acompanhar com a oração o trabalho da postulação, que agora apresenta e submete
aos historiadores e teólogos do Vaticano, e sucessivamente ao parecer dos
bispos, cardeais e do papa Francisco toda a documentação, a fim de poder
declarar mártir, portanto bem-aventurado, Padre Ezequiel Ramin.
“Amigo de Deus e nosso
Companheiro de viagem do Eterno e dos pobres
Inquieto e alegre irmão,
Ezequiel!
Sinal de contradição
Faísca de compaixão e de indignação ética.
Profeta do Altíssimo
Ouvido e voz dos pequenos
A tua memória é dom e compromisso!
Olhamos para ti
E nos convidas sempre a ir além
Além de ti, além das cercas de morte
Em busca do Reino da Vida.
Obrigada, Ezequiel!
Não te canses
De trilhar conosco os caminhos da missão.”
Ir Chiara Dusi
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