terça-feira, 23 de agosto de 2016

A minha vocação

Eluziane Araújo
Postulante Comboniana
Uma palavra do evangelho que é forte em minha vida é a citação de Mt 5,16 Assim, brilhe vossa luz diante dos homens para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus. Se revela aqui nesta passagem um jeito de ser, uma forma de doar a vida, fazer o bem, ter gratidão e amar os irmãos e irmãs. No tempo em que estava na universidade participei de uma palestra sobre tráfico de pessoas na Rede um grito pela vida e conheci Ir. Gabriella Bottani, Missionária Comboniana. Me interessei em fazer parte desta rede e fui abrindo meu coração para esta realidade em favor do bem e defesa da vida principalmente daqueles e daquelas que sofrem violências e exploração.
Ao passar um ano senti que devia viver algo mais, me doar de um jeito diferente e fiz um ano de orientação vocacional com Ir. Elisabete Imperial. Em cada encontro, cada realidade que vi me encantou os olhos. Um chamado de Deus que se revelou nos acontecimentos, nos momentos simples de visita, em uma conversa com as pessoas, nas novas realidades que conheci nas comunidades ribeirinhas, nas visitas missionárias, nos encontros da rede, no cotidiano da vida. Foi este ano em 2016 que se iniciou os primeiros passos para responder este chamado, sai de Porto Velho – RO para entrar na casa de formação do postulantado das Irmãs Missionárias Combonianas em Belo Horizonte – MG, no dia 28 de abril depois do domingo de Páscoa passei para este tempo de graça e alegria. Junto com a comunidade partilhamos a vida, as descobertas e desafios do cotidiano. O que me chamou atenção no carisma das irmãs (IMC) foi o cuidado com a vida e a liberdade das pessoas, a forma de ser acolhedoras, de dialogar e ir ao encontro de quem mais precisa. Me sinto feliz por desejar e dar início a esse caminho, por almejar a vida consagrada e digo que é muito bom abrir o coração a vontade de Deus e dizer sim a vocação de ser uma Missionária Comboniana.



Por onde formos Senhor, que brilhe a Tua Luz...

Ir. Geny Maria da Silva

Neste mês de agosto somos convidadas a refletir e rezar em especial pelas vocações. E bem no início do mês celebramos a Transfiguração do Senhor. E é a partir da contemplação do Transfigurado que podemos compreender e assumir nossa vocação como discípulos-missionários. 
Jesus chama a si e leva a um monte seus discípulos e lá ele é transfigurado Seu rosto fica mais brilhante que o sol e toda a gloria de Deus nos é revelada.  Na sua transfiguração vislumbramos   o mais belo dos filhos dos homens, a plenitude da criação, o humano mais pleno de graça e encanto se desvela aos nossos olhos, E contemplamos a sua filiação divina, Ele é o Verbo de Deus feito carne.  No rosto de Jesus Deus se revela o sumo bem, a beleza eterna, a bondade infinita. É a sua misericórdia que vem abraçar cada criatura, comunicando Seu projeto de Amor que restaura a Aliança que Ele quis fazer com toda humanidade.
No Filho Amado Deus faz um apelo, um convite, para que o escutemos. Escutar sua voz nos pede uma resposta – compromisso a segui-lo nos caminhos do mundo. É sempre o mesmo Senhor transfigurado que os discípulos seguem pela Galileia, pela Judeia, até chegar a Jerusalém onde foi crucificado.  Ele que passou fazendo o bem, levantando os caídos, perdoando, tocando e falando a cada coração humano, proclamando a boa notícia do Reino de Deus, se entrega totalmente até as últimas consequências, assumindo o martírio. Na Cruz podemos experimentar onde chega o Amor de Deus, Ele nos deu tudo.   Ali  Jesus se faz um desfigurado  solidário até o fim com tantos desfigurados, dando sua vida em resgate pela multidão de irmãos.  Nele somos filhos e filhas muito amados de Deus.
Por isto nossa reposta não pode ser tímida, precisamos enfrentar todos os desafios, vencer os obstáculos para seguir o Mestre Jesus que quer contar conosco para proclamar e testemunhar o Reino de Deus, pelo qual deu a vida.
Concluo com as palavras tão  profundas e incisivas do papa Francisco dirigida aos jovens,  na vigília da jornada mundial da juventude, na Cracóvia: “ Para seguir a Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te a alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia. Caminhar pelas estradas seguindo a “loucura” do nosso Deus, que nos ensina a encontrá-Lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em maus lençóis, no encarcerado, no refugiado e migrante, no vizinho que vive só.
Hoje, Jesus, que é o caminho, chama-te a deixar a tua marca na história. Ele, que é a vida, convida-te a deixar uma marca que encha de vida a tua história e a de muitos outros. Ele, que é a verdade, convida-te a deixar as estradas da separação, da divisão, do sem-sentido. Aceitais? Que respondem as vossas mãos e os vossos pés ao Senhor, que é caminho, verdade e vida?”
Vamos nos deixar questionar e dar uma resposta. Ele conta conosco sempre.