quarta-feira, 29 de junho de 2016

ISIRO:AS MULHERES A SÓS COM JESUS

Ir. Giusy Lupo
“(...) Como nos primeiros tempos da experiência eclesial, há tantos homens e mulheres de todas as idades e condições que dão testemunho deste amor de misericórdia. Sinal eloquente do amor materno de Deus é uma considerável e crescente presença feminina no mundo missionário, ao lado da presença masculina. As mulheres, leigas ou consagradas – e hoje também numerosas famílias –, realizam a sua vocação missionária nas mais variadas formas: desde o anúncio direto do Evangelho ao serviço sócio caritativo. ” (Carta do papa Francisco para o dia mundial das missões 2016)
Depois de ter lido a carta do Papa, me encontro com a irmã Maria Teresa que me conta um pouco das suas experiências missionárias na República Democrática do Congo, no centro da África. A irmã Maria Teresa é  brasileira, esteve quase 20 anos no Congo. Ela fala com muita saudade e alegria do tempo vivido naquela linda terra. Três lugares encontraram espaço no seu coração. Mungbere, Ngilima e Isiro. Os três têm em comum àquilo que o Papa fala na carta. Catequistas, homens e mulheres, jovens,... gente de boa vontade, que querem se formar para ajudar o povo a tomar consciência da própria realidade e de sair da própria situação de pobreza. Um povo que através da evangelização aprende a colocar em campo todos os recursos humanos e espirituais para sobressair.
Mungbere foi o lugar onde a irmã tocou com os pés a cultura do povo congolês. Foi um tempo de aprendizagem da língua local, o Lingala, e dos costumes do povo. 
A primeira experiência que a irmã contou foi o tempo bonito da missão de Ngilima, fronteira com o Sul do Sudão. Uma verdadeira Comunidade Apostólica com os catequistas, os leigos, e a Família Comboniana. Aí a irmã, além de visitar os presos se preocupava mais da catequese: formação de catecúmenos. Todas as etapas da vida estavam envolvidas nesses encontros. Se acompanhava o povo desde criança até adultos casados. 
A segunda experiência que partilhou foi na missão de Isiro. É nessa experiência com mulheres que eu vi fazer-se realidade o pensamento do papa Francisco: as mulheres capazes de ser evangelizadoras e discípulas. Nessa missão a irmã trabalhou em colaboração com os padres Combonianos. Eram quatro irmãs na missão e desenvolviam várias pastorais. A irmã M. Teresa conta com orgulho que acompanhou entre outras pastorais a formação de um grupo peculiar...as mulheres mais vulneráveis: viúvas, prostitutas e mãe solteiras.
O grupo se chamava e se chama ainda “Les femmes seules avec Jesus-Christ”- As mulheres a sós com Jesus (https://www.facebook.com/dianebasila/). O movimento, nascido em Kinshasa pela boa vontade de uma mulher convertida (ex prostituta), se inspirava na figura de Maria Madalena.
Les femmes seules com Jesus-Christ é um grupo de mulheres que querem seguir Jesus, e imitando o caminho de conversão da Madalena, ajudar aos outros, em particular ás crianças malnutridas e ás mães, com o próprio tempo e trabalho. Aí em Isiro eram 45 e criaram um verdadeiro centro desenvolvendo aquela que aqui no Brasil chamamos de pastoral da criança, 3 dias por semana. Estavam divididas em grupinhos e se preocupavam da formação das mães, da cozinha, da plantação de milho, soja, sorgo com os quais preparavam mingau proteico, e das celebrações. A própria formação era cada primeira sexta-feira do mês. Sucessivamente o grupo se estendeu ás outras paróquias e muitas delas iam dar formação para as outras mulheres. A irmã continua a elogiar estas mulheres. Estimulando á autoestima elas, as mulheres do movimento são capazes de cuidar da própria casa, da própria vida e também dedicar tempo e trabalho para o centro. O caminho das mulheres dura 10 anos, depois deste tempo elas tomam verdadeiros compromissos (votos). São mulheres que também dedicam tempo para estar com Jesus, como diz o nome do movimento, em oração. Tem momentos especiais de celebrações como na vigília de quinta-feira santa onde ficam em oração toda a noite. Elas mesmas falam: “Como antes, pelo próprio estilo de vida, fomos capazes de ficar a noite inteira afastadas de Jesus, ora, com a conversão do coração mudamos os “costumes” e dedicamos o mesmo tempo mais perto dele na oração”.  Importante foi a criação entre elas de um grupo de 7 diaconisas com a tarefa de cuidar da casa do Senhor, limpeza e preparação das celebrações. Continua contando a irmã do bem que fez para ela a experiência com estas mulheres que continuam indo em frente. Aprendeu a viver com mais compromisso os seus votos e a amar a Cristo de um amor único. 
Foi lindo ver a imagem da paróquia de Isiro, lugar onde trabalham essas mulheres. A paróquia dedicada a Santa Ana. 
Obrigada M. Teresa por me abrir seu coração.



terça-feira, 28 de junho de 2016

REDESCOBRIR A FESTA!


Ir. Giusy Lupo

Participando de duas festas juninas e vendo como o povo brasileiro sabe celebrar, divertir  e partilhar o sentido de festa lembrei dessa reflexão de José Antonio Pagola sobre o redescobrir o significado da festa. Para que este tempo de festas seja um tempo não só de férias, mas também um tempo para celebrar a vida e as relações familiares, entres amigos, colegas, vizinhos e redescobrir o sentido de irmandade universal e com a criação. Boas festas!

 Mas, o que é “fazer festa”? O que diferencia o feriado de um dia normal? “Por que alguns dias são maiores do que os outros se, ao longo do ano, a luz vem do sol?”, pergunta-se o livro do Eclesiástico.
Há muitos que pensam que o ser humano moderno está perdendo a capacidade de “celebrar festas”. Alguns chegam a falar de uma “civilização sem festas”.
Quando “a atividade nua e crua”, o trabalho e a eficiência marcam o sistema de uma sociedade e de toda a nossa vida, a festa fica vazia de seu conteúdo mais profundo.
A festa torna-se, então, um dia “não laborativo”, dia de férias. Um tempo em que, paradoxalmente, deve-se “trabalhar” e esforçar-se para conseguir uma felicidade que, costumeiramente, não é normal em nossas vidas.
Então, a festa dá lugar ao espetáculo, ao turismo, à fuga das viagens ou à embriaguez dos “salões de festa.”
Mas a festa é muito mais do que uma “interrupção do trabalho” ou distensão física. O ser humano é muito mais que um “animal de trabalho” ou uma máquina que precisa de recuperação.
Precisamos mais do que umas férias que nos distraiam e nos façam esquecer as preocupações que, normalmente, possuem nossos dias de trabalho. Algo que não pode alcançar a “indústria do lazer” por mais fórmulas que invente para preencher ou, como diz expressivamente, para “matar o tempo”.
O importante é “viver em festa” por dentro. Saber celebrar a vida. Abrir-nos ao dom do Criador. Despertar o melhor que há em nós, e que fica obscurecido pelo esquecimento, superficialidade, atividade, e o ritmo frenético da vida cotidiana.
Viver com o coração aberto a esse Pai que dá significado e valor definitivos ao nosso viver diário. Sentir-nos irmãos e irmãs dos seres humanos e da criação inteira. Deixar falar o nosso Deus e degustar a sua presença carinhosa em nossas vidas.
Desse modo, a festa adquire um significado real, é tingida com uma alegria que não tem nada a ver com o gozo do trabalho eficaz e bem feito, nos regenera e redime-nos do tédio e do desgaste diário.

Quem não descobriu isso, continuará, infelizmente, confundindo as férias com a festa, simplesmente porque é incapaz de “viver em festa.”





sexta-feira, 24 de junho de 2016

ENTREVISTA ....”A QUATRO MÃOS”

Vamos conhecer mais de perto a história de vida e de missão da irmã Almerita Ramos, brasileira, Missionária Comboniana no Congo, Togo e Benin.

Lembrando que o Congo é um país situado no centro-oeste do continente africano. O país abriga diversos grupos étnicos, fato que impulsionou uma guerra civil durante a década de 1990, provocando a morte de mais de 10 mil pessoas. A maioria dos habitantes vive da agricultura e da pecuária, principalmente a de subsistência. É rico em minerais: diamante, cobre, cobalto e petróleo, exportados pelo 80% no exterior. Grave é a exploração minerária. Os problemas sociais detectados no país são, segundo os últimos dados da ONU: mal nutrição:  22% dos habitantes são subnutridos; a taxa de mortalidade infantil é alta: 79 para cada mil nascidos vivos; a falta de escolarização: o índice de analfabetismo é de 19%; e de serviços básicos: os serviços de saneamento ambiental são destinados a apenas 20% das residências.
O Togo um território pequenino de cerca de 100 quilômetros de largura, está localizado na região oeste do continente africano. A situação de instabilidade política reflete na economia nacional, que é pouco desenvolvida e tem a agricultura como principal fonte de receitas. Mais da metade dos togoleses vive com menos de 1,25 dólar por dia, quantia considerada insuficiente para suprir as necessidades básicas de consumo do ser humano. Esse fato reflete no alto índice de subnutrição (37%), na baixa expectativa de vida (58 anos) e na alta taxa de mortalidade infantil (70 para cada mil nascidos vivos).
O Benin é um pequeno país localizado no oeste da África vizinho do Togo. O Benin foi um dos maiores entrepostos de escravos entre os séculos XVII e XIX. Muitos deles foram trazidos para o Brasil, introduzindo elementos na cultura brasileira. A feijoada e o acarajé fazem parte da culinária beninense, e o vodu, prática religiosa da maioria da população, é semelhante ao candomblé. A principal atividade econômica desenvolvida no país é a agricultura de subsistência. O norte do território beninense é a região mais pobre. No Sul, a pesca e a agricultura sustentam a economia. 

Ir. Almerita, conta-nos algumas curiosidades sobre os países aonde desenvolveu o seu trabalho missionário.
São países muitos diferentes entre eles. Mas tem em comum várias características positivas como a acolhida, a alegria, o sentido da festa e da dança. São essas características que ajudam as pessoas a encontrar sentido para poder enfrentar as dificuldades e os problemas do dia a dia. 
A religião tradicional é muito forte. Sobretudo no Benin e no Togo se vive muito a realidade do sincretismo. Muitos vão à igreja, mas também precisam ter a presença constante, nas decisões da vida, do “feiticeiro” local. Este dualismo causa muito medo e desconfiança. Respeitando os tempos e os costumes a nossa presença é mesmo anunciar a libertação integral dos seres humanos, para libertar o povo dessas correntes de crenças que não ajudam ao bom viver e á fraternidade.
Enfim muito forte é também a “exploração familiar” de quem na família alcança ter uma profissão e um salário fixo: ele é procurado por todos os familiares por que tem o “dever” de sustentar a todos. Para nós que vemos as coisas de outro ponto de vista e de outra cultura tudo isso parece uma exploração, mas para eles é uma obrigação.

Qual foi a lição que aprendeu da vida missionária? Conta-nos umas experiências marcantes.

Uma experiência foi aquela do Congo. Minha primeira missão, meu primeiro amor.  Você chega e quer salvar o mundo. Mas depois colocando bem os pés no chão se embate com a vida e a sabedoria do povo. Lembro-me da acolhida e do respeito para o hóspede. É sagrado! Sempre se recebe, quando se visitam as famílias, um banquinho para sentar e um copo de água para beber. Quando vinha alguém nos procurar estávamos tentadas logo de saber o que a pessoa queria, tínhamos pressa. O povo me ensinou o respeito pela pessoa e pela mensagem que traz. É importante sentar-se com ela, não ter pressa e esperar para ouvir a motivação da sua vinda.
Outra experiência importante foi a vida fraterna e apostólica na comunidade das irmãs. Quando cheguei no Congo éramos todas jovens e de nacionalidades diferentes. Primeira coisa, antes de planejar, nos sentamos para partilhar ás nossas experiências e os nossos sonhos. A partir daí, fizemos a nossa programação. No projeto de vida colocamos como gostaríamos de desenvolver a nossa vida de consagradas naquele contexto.  Importante foi cultivar a relação entre nós com sinceridade, contando-nos a verdade, e avaliando-nos cada mês. Vivi em um clima de muita abertura, acolhida, ajuda. Cada irmã tinha um ministério, mas trabalhávamos juntas, e para o povo ver a nossa união, ajuda e colaboração recíproca foi uma grande evangelização. E eles se perguntavam como era possível ter deixado os nossos países e como era possível viver juntas sendo de diferentes nacionalidades.
Tivemos também uma boa relação com os Combonianos e leigos locais com avaliação e programação juntos a cada mês e eucaristia com partilha semanalmente.
Quando cheguei ao Congo tínhamos poucos catequistas, só 8. Após 8 anos foi um orgulho e uma alegria ver formados 40 catequistas. Antes de ir embora o vice-presidente do conselho paroquial me disse: “Irmã, a senhora trabalhou como homem! ”. Isso foi o maior elogio que se pode fazer á uma mulher num contexto onde a mulher era ainda muito discriminada. 
Sempre me vem na mente o texto do evangelho que diz: ” ...Todo aquele que tiver deixado casas,  irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher,  filhos, e o seu país por amor de meu nome, receberá cem vezes mais, e herdará a vida eterna”. E foi mesmo assim, desprender-se para encontrar até o cêntuplo. Foi a melhor acolhida que recebi na minha vida. Sempre que nos íamos visitar uma comunidade, encontrávamos o melhor. Água quente, comida, cama. O povo estava disposto a nos oferecer, o melhor que tinha, até a própria cama, para que a irmã e o padre ficassem à vontade. Uma grande lição de amor fraterno. 

Quais projetos desenvolveu aí?

Formação de catequistas. Através do projeto “compra um livro”, ajudamos a desenvolver o gosto pela leitura e o desejo de se formar. A paróquia comprava os livros de formação que revendia a um preço menor e mais accessível. 
Criação de uma escola de corte e costura Esperança-“Mokpokpo”. Foi uma maneira para desenvolver a dignidade da mulher. O programa da escola ia além do corte e costura. Tínhamos vários cursos: alfabetização, educação cívica, catequese, gestão, educação física, promoção da mulher para ser independente etc....
Projeto com os jovens. O objetivo desse projeto foi ajudar o jovem a tomar consciência da necessidade de se abrir para acolher a si mesmo como ele é, ao outro e com uma visão de abertura para as necessidades do mundo. Foi uma experiência positiva em todos os sentidos tanto que o projeto continua também se as irmãs não estão mais aí.

Quais foram os maiores desafios ?

Procurar entrar na cultura sem fazer em seguida aquilo que tínhamos propostos. Esperar com paciência que eles também sentissem a necessidade daquilo que se propunha. Antes saber escutar: a necessidade vem do povo. O nosso trabalho é estimular, encorajar, abrir os olhos e acompanhar o povo.

Onde você achou mais fácil levar Jesus e por quê?
Foi mais fácil no Congo pela língua (Francês e Lingala que já conhecia) e pela questão que era mais jovem. Ali os missionários foram mais acolhedores e nos ajudaram a inserirmos com mais facilidade na realidade do povo.
Foi mais difícil no Togo e no Benin a causa da língua (precisava de um tradutor para poder falar as línguas locais) e não houve uma introdução na realidade para nós que chegávamos. Embora isso, não nos impediu de anunciar e testemunhar com alegria o Cristo ressuscitado.

Uma palavra de incentivo aos nossos seguidores...
Precisa ter uma grande confiança em si mesmo, no outro e no Deus que chama. Essa confiança em si mesmo me ajuda a desabrochar meus dons e o que quero fazer desses dons. Só assim vai aparecer o desejo de encontrar o gosto de viver e o desejo de ser feliz. Só quem se doa é feliz!!!!. Jovem coragem, vale a pena!.

Muito obrigada ir. Almerita pelo testemunho de vida e de trabalho missionário. Vamos torcer para que você possa voltar logo na terra do seu coração.

Ir. Giusy Lupo
Missionária Comboniana






"Sejais o hospital de campo mais próximo para os abandonados do nosso tempo."

Entre as linhas de uma carta que cheira a estima e gratidão, o Papa Francisco convida a irmã Dorina Tadiello e as Irmãs Missionárias Combonianas a ser próximas e regeneradoras  não só das forças saudáveis ​​para a vida, mas também regeneradoras de humanidade. O bispo de Roma, tocado pela história que a missionária conta do Dr. Matthew Lukwiya, colega no hospital de St. Mary Lacor, em Gulu, norte de Uganda, ele faz questão de contar como lhe fez conhecer a vida e a coragem do médico que lhe ajudou “a criar a  esperança para o futuro da África, que pode contar com tantas mentes e corações generosos, curar as feridas de tantos pobres e que para nós  são a carne de Jesus. "
A história deste jovem médico ugandês, promessa da medicina em Liverpool, a cidade onde ele terminou especialização em Pediatria tropical e onde foi convidado a fazer parte do corpo docente da universidade, parece ser a expressão viva do sonho de uma África que se salva graças aos africanos e africanas. Mattew, embora lisonjeado com tanta consideração, decidiu voltar entre os Acholi. Para ser de ajuda primeiramente ao seu povo, porque os estudos e especialização pudessem ser colocados a serviço daqueles que cresceram com ele. E o serviço do Dr. Lukwiya foi prova de uma bênção para o hospital de Gulu. O jovem médico, de fato, difundiu pela primeira vez, em 2000, “alarme Ebola”, alertando a Organização Mundial da Saúde (OMS) e criando uma coordenação capaz de ajudar as vítimas do contágio. Irmã Dorina, agora Superiora Provincial da Itália, naquele tempo médica da sessão de infecções, permaneceu ao lado do Dr. Mattew por mais de um mês, testemunhando uma dedicação sem fim, que poderia custar a vida do jovem primário, de 43 anos de idade. Da primeira suspeita de Ebola, em Outubro de 2000, á morte de Lukwiya no 05 de dezembro do mesmo ano, passou muito pouco tempo. Mas é graças á intervenção imediata dele que no 6 de fevereiro de 2001, a OMS pode declarar que a ameaça Ebola no Uganda estava concluída. Para prestar homenagem á "coragem indomável" do Dr. Matthew Lukwiya e ao "longo e generoso serviço como médica e missionária destinada á pessoas indefesas no norte de Uganda, da irmã Dorina Tadiello, o Papa Francisco decidiu escrever para a Comboniana, garantindo e pedindo orações. Sem esquecer a advertência: "Sejais hospital de campo", fazendo-se próximas e regeneradoras da vida, "vida em abundância", como disse o Comboni.


segunda-feira, 13 de junho de 2016

Que poderei retribuir ao Senhor, por todo bem que Ele me fez....

Com estas palavras do Salmo 115 quero expressar minha gratidão pelos 25 anos de vida consagrada a Deus para missão, no carisma de São D. Comboni.
 Quando estava preparando  a celebração  em minha terra natal,  Presidente Kubitschek, em M.G. no início de abril,  escutei de várias pessoas: “nossa, já 25 anos???” “Parece que foi ontem”. Verdade, o tempo é muito relativo, às vezes passa rápido que nem nos damos conta...outras parece uma eternidade...
Por isto é tão significativo o ato de celebrar, parece que o tempo para e temos diante de nós os três momentos que o compõem: o presente, o momento no qual  estamos  celebrando o evento, o passado, do qual fazemos memória e o futuro que temos a oportunidade de vislumbrar, graças à força de celebração...
Assim, tenho eu a graça para olhar o vivenciado, com gratidão e fazer memória de tantas experiências. E nem todas agradáveis, muitos acontecimentos também difíceis, desafiantes fizeram parte da experiência. Para o que foi agradável, louvo ao Senhor, pelo que foi desafio, doloroso, também agradeço. Tudo me ajudou a crescer, a experimentar mais concretamente que se caminhei até aqui foi por que Ele caminhou comigo.
E especialmente, a memória está cheia de rostos, de presenças, de diversos encontros... de nomes que fazem parte da minha história vocacional. . Minha família, muitos que fisicamente não se encontram aqui, mas estão presentes de uma outra maneira.  No seio familiar, em particular através de meus pais, recebi o dom da fé, do amor, que me ajudou a crescer e experimentar Deus e seu projeto de amor incondicional.  Também na congregação, nas várias comunidades combonianas, quantas pessoas que me marcaram com seu testemunho de vida. Dos tempos de missão que me foram proporcionados em terras africanas,  tantas experiências bonitas para contar, nas quais pude experimentar mais concretamente o amor de Deus, em especial no rosto dos mais pobres.
 O momento presente, é dom de Deus, onde posso renovar com sua graça o compromisso de ser consagrada a Ele para a missão. Este é marcado pela confiança e alegria, pois sei que se o faço é porque posso contar com Seu amor fiel, sua graça e apoiada pela oração de todos que comigo celebram.
Quanto ao futuro temos um ditado: “o futuro a  Deus pertence”. Porém podemos deseja-lo e caminharmos na esperança para realiza-lo, pois Deus caminha conosco, nada tememos.
 Celebrando os 25 anos experimento estes movimentos do coração, que faz memória na gratidão dos bens recebidos, se compromete na alegria no tempo presente, se lança com confiança e esperança para o futuro, consciente de que Deus continuará fazendo comigo e na vida de todos nós grandes coisas, pois Seu nome é Santo.
 Aos jovens e às jovens, um recado: Se Deus vos chama à vida missionária, religiosa ou sacerdotal, não tenham medo. Ele não nos tira nada, ao contrário nos dá tudo...abramos nossas portas, alarguemos o espaço da Tenda para acolher seu projeto de vida e. seremos alegres, livres  e pessoas realizadas no Amor.