quinta-feira, 30 de março de 2017

10 anos da Rede um Grito pela Vida

Em 30 de março de 2007, um grupo de 28 religiosas provenientes de todas as regiões do nosso imenso Brasil, plantava a primeira semente de luta e compromisso no enfrentamento ao tráfico de pessoas: nascia a Rede um Grito pela Vida. 
Hoje em dia a Rede conta com cerca de 300 pessoas, entre religios@s e leigos comprometidos em 26 núcleos espalhados em todo o território nacional.
“Celebrar 10 anos de compromisso no enfrentamento ao tráfico de pessoas, como Rede é um tempo de graça, reconhecimento, memória e reafirmação do compromisso com dignidade e vida das pessoas exploradas e traficadas em nosso país” – declarou em entrevista a Rede Aparecida, ir Eurides Alves de Oliveira, coordenadora nacional da Rede.
O trabalho de informação, sensibilização, sobretudo junto às juventudes e as populações mais vulneráveis é desde a fundação da Rede um Grito pela Vida a principal estratégia de ação. Dar visibilidade a um crime que silenciosamente continua ceifando muitas vítimas, nas suas diversas modalidades (exploração sexual – adoção ilegal – servidão domestica –tráfico de órgãos- atividades ilícitas), é tarefa e preocupação de cada integrante da rede, espalhada do Norte ao Sul deste País. 45,8 milhões de pessoas em todo o mundo estão sujeitas a alguma forma de escravidão moderna, e além do mais estima-se que 700 mil mulheres brasileiras passam todos os anos pelas fronteiras internacionais do tráfico humano.
Preocupa-nos a facilidade com que hoje em dia acontece o aliciamento por meio das redes sociais, o que podemos tocar com mão cada vez que como núcleo de Porto Velho (RO) organizamos dias de formação nas escolas de ensino fundamental e médio e abrimos o diálogo com os alunos sobre este assunto. Por isso, não podemos parar!
De fato, fazer memória, hoje, dos 10 anos da Rede um Grito pela Vida, é também: “tempo de avaliar e projetar a continuidade da luta com maior determinação e empenho”, afirma ir Eurides Alves de Oliveira. Mãos à obra, então! Junt@s contra o tráfico de pessoas!
 ir Chiara Dusi


terça-feira, 21 de março de 2017

São José é sempre Jovem: devoção de São José na experiência de Comboni

Hoje, 20 de março, celebramos com toda a Igreja a festa de são José: inúmeras capelas espalhadas no mundo todo, muitas congregações religiosas, assim como também confrarias/associações de leigos têm são José como padroeiro, sublinhando alguns aspectos específicos da vida dele, e inspirando-se nele para viver uma fé profunda e concreta, na humildade, na confiança em Deus, no trabalho, no silêncio, na defesa da vida.
Olhando para o nosso carisma comboniano, também encontramos presente a devoção ao pai putativo de Jesus, porém sem muitas especificações: sabemos que se origina de um amor especial que Comboni tinha para ele, definindo-o o ecônomo da missão, aquele que era invocado especialmente nas piores situações financeiras, e que muitas vezes, com prontidão inaudita, tinha-o tirado de muitos apuros.
Chama atenção, nos escritos de Comboni, o jeito com o qual ele se dirige e dialoga com o santo, como com um amigo de longa data com o qual não se precisa de dar muitas voltas. Alguns escritos tornam-se quase cômicos, neste sentido: “Chamei-a à ordem o meu ecônomo são Jose´, ameaçando dirigir-me à sua mulher, se ele não fizer caso; exigi-lhe que no prazo de um ano equilibre meu orçamento, [...] caso contrário vou ter com a sua mulher, mas já chega.” (EE 5224)
Outro elemento interessante na espiritualidade vivida por Comboni é que a devoção de são José não é simplesmente expressão de uma religiosidade popular um tanto fragmentada nas suas diferentes manifestações, ao contrário encontra-se inserida e diria perfeitamente encaixada na vivência de absoluta confiança, entrega e comunhãode São Daniel com o próprio Jesus e Maria:
“Eu permaneço no meu posto até a morte, porque confio nos sagrados corações de Jesus e Maria e em são José e porque a obra é de Deus. Esta obra, nascida aos pés do calvário, avançará através de todas as dificuldades para chegar a sua realização. (EE 5329)
No coração de Comboni habita a certeza de que ele não está sozinho, e por isso vive e aprofunda continuamente a comunhão com Deus e com a Sagrada Família: Jesus, Maria, José, não são entidades abstratas para Comboni, ou personagens relegadas no passado, mas verdadeiros amigos, companheiros de viagem, presenças reais, concretas, que abençoam a missão e cada missionári@, iluminando, protegendo, intercedendo.
“São José é sempre jovem, tem sempre bom coração e intenção reta e ama sempre o seu Jesus e os interesses da sua gloria. E a conversão da África central representa um interesse grande e permanente para a gloria de Jesus.” (EE 5197)

A Comboni pedimos, neste dia, a graça de interceder por nós, para poder crescer sempre mais nesta busca da comunhão com Deus e com os santos seus amigos, para amar e nos entregar à missão com ardor sempre crescentea cada dia, como se fosse o último. 
Ir. Chiara Dusi, missionária Comboniana

sábado, 11 de março de 2017

Padre Ezequiel Ramin: memória e compromisso

No dia 4 de março de 2017, às 19.30, na paróquia Sagrada Família de Cacoal, Rondônia, celebramos o encerramento do inquérito diocesano para o reconhecimento do martírio do padre Ezequiel Ramin, missionário comboniano, assassinado na fazenda Catuva no dia 24 de julho de 1985.

Com maciça presença do povo de Cacoal, e uma significativa representação da Rondolândia, além de outros municípios da diocese de Ji Paraná e de Porto Velho, foi solenemente concluída a etapa brasileira do processo que entende demonstrar como o jovem padre foi morto “in odium fidei”, por ódio à fé, assumindo até as últimas consequências o seguimento de Cristo.
Junto com o pão e o vinho, levamos ao altar,no momento do ofertório, as doze caixas que contêm os documentos do Processo que, como destacou o postulador geral dos missionários Combonianos, padre Arnaldo Baritussio, não são “simples papeis, mas a vida verdadeira de um pastor com a sua comunidade, história de grandes sofrimentos e também de grandes ideais: uma terra para todos e uma comunidade solidária.”
Padre Ezequiel continua vivo na memória do povo, mesmo tendo trabalhado em Cacoal apenas um ano e um mês, de junho de 1984 a julho de 1985. A fama de martírio, que fez recolher em ocasião dos 30 anos da morte do padre mais de 10.000 assinaturas em favor da abertura do processo, é um sinal de que padre Ezequiel foi e continua sendo uma luminosa testemunha de Cristo.
Fazendo uma releitura da vida e da morte de padre Ezequiel, padre Arnaldo sublinhou que “Sua imolação foi uma decorrência natural de sua Vida Religiosa Consagrada missionária e de sua leitura profunda do Evangelho, do amor a Cristo, à Igreja e aos irmãos mais injustiçados.”
A figura de padre Ezequiel está presente entre os mártires da caminhada do santuário de Ribeirão Cascalheira (MT), onde se pode ler “não merece de sobreviver uma Igreja que não tenha memória viva dos seus mártires”. A memória de padre Ezequiel, portanto, assim como de todos aqueles que tombaram para seguir a Cristo e colaborar na construção do seu Reino, é dom e compromisso, não simples saudade. Sua vida e a morte nos questiona continuamente e deve provocar-nos sobre o nosso real comprometimento com Cristo e o Evangelho.
Continuamos a acompanhar com a oração o trabalho da postulação, que agora apresenta e submete aos historiadores e teólogos do Vaticano, e sucessivamente ao parecer dos bispos, cardeais e do papa Francisco toda a documentação, a fim de poder declarar mártir, portanto bem-aventurado, Padre Ezequiel Ramin.

“Amigo de Deus e nosso
Companheiro de viagem do Eterno e dos pobres
Inquieto e alegre irmão,
Ezequiel!
Sinal de contradição
Faísca de compaixão e de indignação ética.
Profeta do Altíssimo
Ouvido e voz dos pequenos
A tua memória é dom e compromisso!
Olhamos para ti
E nos convidas sempre a ir além
Além de ti, além das cercas de morte
Em busca do Reino da Vida.
Obrigada, Ezequiel!
Não te canses
De trilhar conosco os caminhos da missão.”
 Ir Chiara Dusi





Tchau ir. Rosa

Um ano depois, o povo de Santo Antônio do Matupi ainda chora a morte da irmã Rosa, e ao mesmo tempo agradece a Deus por ter tido a possibilidade de partilhar estes últimos anos com ela. Ela que tinha um grande amor pela natureza, amava cuidar das plantas, cultivar uma boa horta, e extrair da natureza os remédios para cuidar dos doentes numa terra difícil que não tem muitos recursos no âmbito da saúde.
No dia 1 de março, dia do aniversario da partida para junto do Pai, lembramos da irmã Rosa, na celebração de quarta feira de cinza, mostrando umas fotos e uma síntese do que foi a sua vida, dedicada ao povo e á missão amazônica através da Espiritualidade Comboniana.
Apaixonada pelo Reino, gigante na atenção às necessidades dos mais pobres e na simplicidade, sinceridade, corajosa, exemplo de fidelidade… são algumas das características que marcaram a vida desta grande mulher Consagrada, Missionária Comboniana.
 É isso mesmo que o povo continua lembrando quando se fala da irmã Rosa e por isso, para nunca mais esquecer a sua atenção pelos mais pobres e necessitados, a qualquer hora, em qualquer dia,foi-lhe dedicado o centro catequético: hoje passou a se chamar centro de catequese Ir. Rosa Rita Guzzo.
O amor à Igreja e ao Povo da Amazônia sustentou sua fé nos seus últimos dias. Morreu alimentada pela esperança de voltar a Santo Antônio do Matupi.  O Pai fez a Rosa florescer no jardim do Céu. Tchau ir. Rosa estará sempre nos nossos corações!
Ir Giusy Luppo, Missionária Comboniana