Era
o dia 03.12.2017. Tarde de muito sol. A Avenida Paulista estava em festa. Bandeiras
multicores desfraldavam. O clima era de
mundialidade. Bandeiras de Bolívia, Chile, Angola, Mauritânia, Senegal, Mali,
Haiti, República Democrática do Congo, Paquistão, Bangladesh e Palestina, entre
outras, davam uma ideia da diversidade presente na Marcha.Eram 4000
participantes. A banda de música, os tambores, flautas e outros instrumentos
andinos, com seus ritmos próprios, davam um toque de alegria pluricultural. O povo na rua
com seus traços multirraciais anunciava que algo importante estava acontecendo.
Trabalho de mobilização muito grande feito por muitos imigrantes
latino-americanos, africanos e asiáticos, o que revela um processo de empoderamento
do migrante, das redes e dos contatos pessoais.
Não
era uma manifestação política do Movimento social “Vem Prá Rua” e nem
do “Povo sem Medo”, e muitos
outros movimentos que marcaram presença na Avenida Paulista nesses últimos
tempos. Era a 11ª Marcha dos Imigrantes,
lutando PELO FIM DA INVISIBILIDADE
DOS IMIGRANTES. Marcha que foi instituída
pela ONU em 18/12/1990 e que faz parte da mobilização mundial dos imigrantes.
Este ano os imigrantes foram convidados a marcharem em prol da sua visibilidade
enquanto sujeitos de direitos, ressaltando sua importância sócio econômica,
cultural, histórica no desenvolvimento da sociedade brasileira.
Eu
vi: crianças, jovens, mulheres, homens com seus trajes coloridos, o sorriso no
rosto, em ritmos variados de danças, típicas das planícies e das alturas dos
Andes anunciando: Estamos aqui. Viemos do frio e da neve das altas montanhas e
das costas tropicais deste Continente. Viemos dos mares longínquos das costas
africanas e aqui estamos. Viemos para ficar. Por isso lutamos, por isso
dançamos, por isso cantamos, por isso marchamos.
QUAIS SÃO NOSSAS BANDEIRAS DE LUTA?
1 – Visibilidade e garantia
de direitos para todas as pessoas imigrantes do mundo.
2 – Pelo fim do trabalho
escravo e Contra a Portaria do Ministério do Trabalho nª 1129 de 13/10/2017.
3 – Pela regulamentação e
implementação da nova Lei de Migração.
4 - Pelo Fim das deportações.
5 – Pelo direito de votar e
ser votado.
6 – Pela Anistia aos
imigrantes.
7 - Pelo fim da
descriminação e xenofobia.
8 – pela ratificação dos
tratados internacionais
9 – Pelo livre trânsito e
residência para todos e todas.
10 -Pelo direito à educação,
saúde, assistência social e moradia de qualidade.
11 – Pelo trabalho decente e
justiça gratuita.
12 – Pela implementação de políticas
publicas para todas as pessoas imigrantes.
13 – Pelo fim da exploração
dos imigrantes.
14 – Por cidadania
universal.
Nessa
luta, estamos nós, as Missionárias Combonianas, que vivemos na zona leste de S.
Paulo. Decidimos acolher o apelo do Papa
Francisco e plantar nossa tenda nessas periferias existenciais da Humanidade,
solidarizando-nos com suas lutas, suas dores e lágrimas, conscientes de que a
realidade do imigrante nessa cidade grande é missão através da qual Deus nos
interpela como interpelou a comunidade de Mateus:“Era estrangeiro e me
acolheste”(Mt 25,35).
09.12.17
Amine Abrahao da Costa
Missionária
Comboniana
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